Simone Cerqueira fala sobre espetáculo “Candelária” e comemora sucesso da nova circulação no Rio de Janeiro

A atriz Simone Cerqueira comemora a volta do espetáculo “Candelária”, do coletivo Trupe Investigativa Arroto Cênico, que, após o sucesso de público, retomou recentemente a circulação e está com uma agenda de apresentações gratuitas por cidades do estado do Rio de Janeiro, e 1 Oficina de Dramaturgia com o escritor e diretor teatral Alexandre Damascena.

“Candelária” com dramaturgia de Karla Muniz Ribeiro e direção de Madson Vilela é um espetáculo manifesto que perpassa pela temática do racismo estrutural na sociedade e é resultado de uma pesquisa cênica sobre a Chacina da  Candelária. O roteiro transita por três recortes dramatúrgicos referentes a momentos históricos do Brasil. Passados 30 anos da chacina, ainda vivemos da  política de extermínio de pessoas pretas.

No projeto, cada integrante carrega uma história e uma motivação que transcende a atuação. Para muitos, como Simone, é uma oportunidade de transformar dor em memória viva, dando visibilidade a uma narrativa de luta e resistência. Ela revive, por meio de seu papel, uma lembrança pessoal que marcou sua adolescência e que agora se converte em um chamado pela valorização da vida e dos direitos de crianças marginalizadas e vulneráveis.

“No mesmo dia da chacina da Candelária, minha mãe deu entrada no Hospital Souza Aguiar com um quadro de hipoglicemia altíssimo. O meu tio, que era bombeiro, acompanhava ela na época. Ele chegou a ver os corpos e falar sobre a quantidade de policiais e imprensa dentro do hospital. Eu tinha 15 anos na época e na minha cabeça eu pensava: ‘Mas era só criança…’. E dar vozes a essas crianças silenciadas, das ruas, das comunidades, do asfalto, de crianças negras e pobres, é gritar para o mundo que elas existem e vão sobreviver em nossas memórias e na nossa narrativa para que um dia toda criança tenha todos os seus direitos respeitados e suas vidas preservadas”, conta a atriz.

A personagem Purunga, interpretada por Simone, representa o contraste entre a dureza da vida nas ruas e o desejo universal de ser criança. Em um mundo onde a sobrevivência exige maturidade precoce e cautela constante, Purunga constrói uma armadura para se proteger das ameaças diárias e da indiferença. No entanto, por trás dessa resistência, permanece a inocência de quem só quer o direito de brincar, ser cuidada e viver com segurança. Simone Cerqueira destaca essa dualidade ao interpretar Purunga na peça Candelária, revelando a fragilidade e a força que coexistem em tantas crianças invisibilizadas.

A equipe é composta majoritariamente por artistas e técnicos negros, a fim de fundamentar os questionamentos propostos em cena. Abrindo espaço de  manifestação cultural e representatividade, novos campos de trabalho e geração  de renda para os artistas negros e periféricos, estimulando assim a geração de  renda do território da baixada fluminense.

 

O espetáculo possui uma linguagem  cênica inovadora e investigativa, que dialoga com questões pertinentes à  sociedade brasileira, e que se diferencia pela fundamentação e qualidade,  seguindo os moldes do Teatro Contemporâneo, utilizando novas narrativas.

A montagem, uma realização da produtora Luandeh Chagas em parceria  com a Trupe Investigativa Arroto Cênico, foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo no  edital EVOÉ RJ, promovido pelo Governo Federal, o Ministério da Cultura, o Estado do  Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de  Janeiro.

Quanto à nova circulação, ela afirma: “No palco eu me sinto plena, é um lugar de exercício, de contar mil histórias, algumas com final feliz e outras nem tanto. Eu fico imensamente grata que a nossa história corrobora principalmente para dar voz a personagens invisíveis na nossa sociedade. Estamos muito felizes de voltar com a circulação desse espetáculo tão necessário e improtante”, declara a artista.

A Trupe 

Com ampla atividade em seus nove anos de trajetória, a Trupe Investigativa Arroto  Cênico tem como uma de suas principais bases trabalhar a partir de temáticas que retratem seu território e sua condição de artistas periféricos, travando importantes  relações e se firmando como uma das companhias de maior atividade da região. O grupo desenvolve o seu trabalho voltado para um teatro de pesquisa de linguagens focado na investigação cênica. Alinhando sua linha de trabalho às possibilidades do teatro contemporâneo.

Recentemente realizou uma turnê por 07 cidades do  estado de São Paulo com o espetáculo infanto juvenil “O Patinho Feio” através do  Edital SESI SP – Artes Cênicas – Arte Educação 2023.

Serviço:
Espetáculo Candelária 

Data e horários: 14/11/2024 às 14h e 17h
Local: CEAT – CASA ESCOLA DE ARTE E TECNOLOGIA
Endereço: Av. 22 de maio, n° 3677, Sobreloja, Outeiro das Pedras, Itaboraí-RJ

Data e horário: 22/11/2024 às 19h
Local: Instituto Mundo Novo
Endereço: Rua Adolfo de Albuquerque, n° 109, Chatuba, Mesquita-RJ

Data e horário: 25/11/2024 às 19h
Local: Instituto Cultura Cerne
Endereço: Travessa Nogueira, n° 17, Jardim Meriti, São João de Meriti-RJ

Data e horário: 29/11/2024 às 20h
Local: Teatro Firjan Sesi Duque de Caxias
Endereço: Rua Artur Neiva, n° 100, Duque de Caxias-RJ, CEP: 25.070-010

Data e horário: 30/11/2024 às 18h
Local: EPA – Espaço de Pesquisas Artísticas
Endereço: Rua Clementina de Jesus, n° 81, Recreio dos Bandeirantes, Rio de  Janeiro-RJ

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