Capa Entrevista | Pollyana Mendis

• Como você começou na internet?

Comecei na internet há seis anos. Eu sou da área de decoração, sou designer de interiores por formação e fui para a cidade de Porto Ferreira, em São Paulo. Chegando lá, vi uma cidade incrível com oportunidades, mas parece que as pessoas que ainda viviam dez anos atrás do tempo atual deles, porque não vendiam pela internet, nem sabiam o que era isso, enquanto eu já tinha conhecimento. Resolvi fazer um vídeo para colocar aquela loja na internet e a loja estourou. Eu não era conhecida, não tinha seguidores. Até então, eu falava só de decoração, de mesa posta, ajudava as pessoas a decorar a casa. Enfim, deu um “boom” e começou a ter uma visibilidade muito grande.

Depois, fui convidada para voltar à cidade de Porto Ferreira, fazendo quase cem lojas, e dessa vez fui contratada. Eu não sabia nem como ganhar dinheiro na internet, mas as coisas foram acontecendo para mim e eu tive que me desdobrar, entender que precisava, porque se eu tinha aberto uma porta para alguém, então, aquela porta também estava se abrindo para mim. Aí Goiânia começou a me descobrir também, recebi um convite para fazer uma loja de roupa e o negócio estourou. Hoje tenho centenas de lojas e, tudo que faço, é como uma empresa. Eu ganho por isso. Estou em todas as plataformas, como o Kwai, TikTok, YouTube. O YouTube é minha primeira casa, com mais de meio milhão de seguidores.

A diferença do meu trabalho é que meus seguidores são autênticos, nenhum deles é comprado. Eu vou lá, divulgo e é venda atrás de venda. Quem está dizendo isso não sou eu, são as pessoas que trabalham comigo. Minha agenda está lotada, ou seja, é um trabalho que dá muito resultado para quem contrata. Meu foco hoje é o atacado, e sou conhecida aqui na minha região. Aqui tem um lugar chamado “44”, o segundo maior polo de moda do Brasil, perdendo apenas para o Brás, em São Paulo. Lá reúne os maiores atacadistas, com mais de 19 mil lojas. É um universo muito forte, com muitas empreendedoras, sendo que 78% são mulheres que lideram. Venho fazendo essa comunidade e ajudando pessoas do mundo inteiro, pois hoje os lojistas despacham a mercadoria a nível mundial através de um trabalho realizado na internet. Como a vida é feita de oportunidades e brechas, peguei essa brecha, montei minha empresa. Hoje tenho uma empresa de divulgação e propaganda em Goiânia, porque quando uma empresa vem e quer fazer uma propaganda, sei onde dará resultado. Meu resultado maior é para roupas, mas às vezes, vamos supor, uma transportadora ou uma empresa de carros querem fazer propaganda, vamos lá. Como sei fazer aquela comunicação assertiva, desenvolvo a propaganda com minha equipe, entregando o trabalho pronto ao empresário.

Tudo começou lá atrás, com meu pai e minha mãe sempre vendendo alguma coisa, e foi quando soube que esse mercado de vendas era meu ponto forte. Aos dez, onze anos, eu queria ganhar meu dinheiro. Minha mãe tinha um comércio, eu pintei uns potinhos de barro que ganhei e coloquei na porta do comércio dela, vendendo cinquenta potinhos a vinte e cinco centavos, cada, em um único dia. Anos depois, descobri que minha mãe pedia para as pessoas comprarem de mim, dando os vinte e cinco centavos, mas isso me despertou. Quando acabaram os potinhos e eu não tinha mais para vender, comecei a procurar outras coisas. Uma prima minha trabalhava numa confecção e falou que lá tinha muitas peças com defeito. “Refugo” é quando as peças começam a dar defeito e são vendidas a um preço simbólico. Comprava blusas a dois e cinquenta e bordava, sempre tive habilidades manuais desde pequena. Bordava e vendia para minhas amigas, cobrando até vinte e cinco reais, dependendo do estilo do bordado. Às vezes, penso que isso foi há vinte anos atrás, e naquela época, vinte e cinco reais era muito dinheiro. Depois que o dono da confecção descobriu que aquilo dava dinheiro, ele começou a fazer e não quis mais vender.

Foram surgindo outras oportunidades, e, uma grande, foi quando entrei numa empresa de vendas. Nessa empresa, fazia de tudo o que tinha lá para fazer. No entanto, sempre soube que queria chegar a um patamar mais alto. Tive uma ideia, era boa em vendas e comunicação, com uma persuasão eficaz. Meu chefe percebia isso e me autorizou a vender as joias da empresa na cidade, algo que ninguém tinha feito daquela forma. Ele fez uma maleta para mim, confiou em mim, e fui vender. Ganhei muito dinheiro, tinha cerca de 15 ou 16 anos na época. Aos 17 anos, comprei meu primeiro carro, pagando com meu próprio dinheiro. Aos 19 anos, casei-me e minha vida mudou completamente. Tinha uma vida humilde, enquanto meu marido já era financeiramente realizado. Passei a viver um mundo que desconhecia, com oportunidades que só via em novelas e filmes. Imagine uma menina pobre que, de repente, se deu bem na vida. Porém, quando me casei aos 19 anos, parei, pensei que não precisava mais de dinheiro, mas foi um erro. O castelo não era meu, eu já cheguei nele pronto, então precisava construir o meu próprio castelo.

Aos 22 anos, tornei-me mãe, e até os 27 ou 28 anos, abdiquei de tudo. Porém, ao me aproximar dos 30 anos, comecei a sentir pânico, questionando o que tinha conquistado na vida. A resposta era “nada”, estava sob a sombra de algo que não construí. Foi quando decidi fazer algo na internet, pois todas as tentativas anteriores não deram certo devido à minha falta de dedicação. O problema estava em mim, na minha zona de conforto. Fui em frente, dei a cara a tapa e hoje tenho um negócio.

• Como você identifica e acompanha as tendências emergentes em seu setor?

Eu identifico as tendências através de estudos. Estou sempre antenada em tudo o que está acontecendo, principalmente porque trabalho com moda. Portanto, a primeira coisa que você precisa entender é fazer pesquisa de mercado, já que o mercado está mudando o tempo inteiro. Fico de olho no que as blogueiras estão fazendo, em sites e em tudo relacionado à moda, especialmente no universo das tendências. Como trabalhamos com atacado, preciso entregar tudo com antecedência. Seguimos as estações do ano, então compreendo quais são essas estações e realizo pesquisas. Vou ao Google, faço pesquisas e também recorro ao YouTube, acompanhando as blogueiras. Quando vejo que algo está sendo lançado, já pesquiso sobre o assunto para fornecer em primeira mão para o meu público. Portanto, estou sempre pesquisando. Hoje em dia, é muito fácil porque a internet está a nosso favor. Entender o que está acontecendo é simples, você não precisa depender de uma revista, pois tudo está disponível na internet. Basta pesquisar e você já terá todas as informações na palma da sua mão. Fica muito fácil assim para fazer pesquisa.

• Quais lições valiosas você aprendeu com influenciadores ou colegas de negócios ao longo de sua jornada empreendedora?

Eu aprendi que tudo tem uma estratégia. Tudo possui uma metodologia que todos aplicam. Às vezes, as pessoas simplesmente não sabem o que é metodologia, mas têm uma metodologia, um passo a passo que seguem. Mesmo que alguém diga “joguei na internet” e deu certo, sim, pode até ter funcionado, mas se você não tiver inteligência para aplicar com estratégia, não vai permanecer no mercado. O que mais vemos hoje em dia? Milhares de influenciadores com milhares de visualizações e milhões de seguidores, mas isso não adianta nada. Se você não tiver uma estratégia, não ganhará dinheiro na internet. Existem muitas pessoas por aí que não têm nem casa para morar, mas têm um milhão ou dois milhões de seguidores. Quando você possui a estratégia certa e as pessoas corretas, vende e vende muito.

• Qual foi a experiência mais marcante?

A experiência mais marcante que teve um impacto muito grande no meu negócio foi eu entender o quão incrível é quando você usa uma estratégia correta, quando realmente a aplica de forma correta e quando tem seguidores corretos. Porque, se você tiver pessoas alinhadas com o seu propósito e com o seu negócio, você faz muito dinheiro na internet.Pode compartilhar exemplos de influenciadores ou líderes de pensamento que tiveram um impacto significativo em sua carreira?

• Pode compartilhar exemplos de influenciadores ou líderes de pensamento que tiveram um impacto significativo em sua carreira?

R: Eu vou deixar aqui algo que não é de ninguém que sigo mesmo, é um pensamento meu mesmo. Para mim, não há nada mais interessante do que ver a vida dessa forma. Você é aquilo que se permite ser. Então, se permitir ser maltratado, será maltratado; Se estiver estar em uma empresa que te suga, está sendo sugado porque permitiu. O problema é seu. Tudo o que se permite viver, viverá. Se tiver fé, resiliência, persistência e constância (que estão atrelados), chegará a qualquer lugar. Portanto, você é aquilo que se permite ser. Permita-se viver a melhor experiência da sua vida, pois quem vai permitir o sim ou não é você. Levo isso para a vida e para o meu negócio. As minhas metodologias, tudo o que aplico hoje no meu negócio, não deixo no papel. Pode até dar errado, mas vou lá e faço. Deu errado? Vou melhorar para depois refazer até o negócio dar certo. Você tem a visão e, depois, precisa agir para colocar em prática.